Só pra terem uma ideia e dispensando apresentações, meu IMC é 48,35, considerado Obesidade Grau III ou Mórbida. Ou dou um jeito logo e que seja drástico, ou daqui é só ladeira abaixo.
Voltando no tempo, nunca fui uma criança gorda, muito pelo contrario, até os 6-7 anos fui 'bem normal',mas aos 9 anos deu-se a derrocada. Do nada meu corpo passou a absorver tudo o que eu comia e rapidamente nada do que eu fazia parecia adiantar pra queimar o que eu consumia.
Minha mãe numa tentativa desesperada de refrear esse 'processo' e aproveitando que ela mesma estava em processo pra emagrecer com acompanhamento médico, repassou pra mim o que o médico dela passava pra ela, ou seja, além da dieta, eu passei a tomar remédio tarja preta (Isomerid) e entrei numa academia. Confesso que apesar dos contras que o remédio me fez passar (dá pra imaginar os efeitos que esse tipo de remédio faz no organismo de uma criança... nao dá?!), eu tava bem e meu corpo tava mudando, emagrecendo, e minha mãe tava feliz com isso. Sempre muito vaidosa, era complicado pra ela aceitar meus kgs a mais.
Enfim, depois de quase 2 anos nessa rotina, meu corpo começou a mostrar os sinais das 'loucuras' que fiz: os joelhos, principalmente o esquerdo, começaram a mostrar que os exercícíos de alto impacto, nada indicados pra minha idade, eram altamente prejudiciais. Acabei desenvolvendo um deslocamento de rótula que quase crônico, o que mais adiante me levou a ficar imobilizada por quase 1 ano em uma das vezes que isso aconteceu... e foram inúmeras.
Parei com tudo e todos os kga perdidos voltaram, e isso deu início a uma série de tentativas e fracassos, abrangendo métodos, dietas, receitas, médicos... poucos sucessos e muitas frustrações, sempre soluções temporárias pra um problema fixo.
Minha maior perda de peso foi em 2007, através do Vigilantes do Peso, consegui perder 25kgs, e fiquei saudável, frequentei academia e tudo mais... mas com os custos das reuniões semanais e demais gastos, achei que conseguiria fazer em casa e seguir emagrecendo...em vão... Todos os kgs voltaram, e como são totalmente solidários, voltaram muito bem acompanhados, e dos 25kgs perdidos engordei 29ks, em poucos meses.
No início desse ano, desloquei o joelho direito, e o desespero tomou conta. Trabalhando em dois locais, vida movimentada, e o corpo se entregando.
Uma boa notícia: em janeiro recebi um telegrama dizendo que fui convocada pra assumir meu cargo na Secretaria de Saúde do RS, passei num concurso de 2006 e fui chamada só agora...antes tarde do que nunca! Aproveitando os exames solicitados pela médica que fazia meu acompanhamento no posto de saúde, levei os mesmo para a perícia médica para o ingresso. O médico perito contestou, alegando serem saudáveis dmais...solicitou um laudo de algum médico de fora, atestando que eu estava em tratamento para emagrecer e que não representava nenhum risco para assumir o cargo. Fiquei louca com isso, mas marquei consulta com um endócrino, Dr. Rodrigo, que foi um fofo. Expliquei a situação pra ele e saí de lá com o laudo solicitado e com uma receita de Dualid (que eu ja havia tomado tempos atrás).
Comprei cheia de esperanças, e realmente emagreci 11kgs em poucas semanas, mas todos eles voltaram.
Com os dois joelhos comprometidos, costas cansadas, pés que nao aguentam mais tanto peso e auto-estima quase inexistente, ingressei na Secretaria e alguns meses depois, aqui estou, falando do meu passado e torcendo por um futuro melhor.
As únicas coisas que me mantém em pé são o amor incondicional de 2 pessoas: minha mulher, Maju, e minha irmã de coração (27 anos de amizade), Déa. São elas que não me deixam cair.
Minha esposa me enche de elogios, carinho, amor e reafirmação constante d que não tem vergonha de mim. Minha irmã me ajuda a rir dos problemas e é meu colo, meu porto seguro.
Além delas, tenho duas forças que me dão apoio totalmente necessário nessa empreitada: Carol, minha chefa, colega e amiga na ACS da Secretaria e Bel, minha amiga de alguns anos. Essas tb estão na torcida pra que tudo de certo!
Vejo a cirurgia como meu passaporte para a 'normalidade', uma vida saudável, de um dia a dia sem limitações físicas, sem receios de coisas cotidianas que para todos passam despercebidas, mas para quem vive o medo de trancar numa roleta ou quebrar uma cadeira (comigo já aconteceram as duas coisas), fazem toda a diferença. Pra quem é obeso, ou simplesmente está acima do peso, sabe o que é o peso de um olhar de reprovação, principalmente de pessoas que nunca te viram antes.
Enfim, depois desse primeiro post gigantesco, vou tentar postar quase que diariamente a caminhada e minhas impressões sobre todo o processo. E espero que quem tiver saco (rsrsrs) e interesse em todo esse universo bariátrico, aceito ajudas, críticas e apoio.
Bem-vindos!