O outro programa mostra a obesidade não só do ângulo médico, mas tb mostra a questão de grupos que lutam contra o preconceito com os obesos, em prol da aceitação e tudo mais. Tb vale a pena assistir, tb segue o link: http://www.natgeo.com.br/br/synopsis/176-65315.
Mudando de saco prá mala, tava visitando os bloguinhos vizinhos e no blog da fofa Fabi http://fazinha-meta.blogspot.com/, o post é o seguinte: "A obesidade te fez uma pessoa melhor?"
Fiquei pensando em mil maneiras de responder à isso, mas a unica e verdadeira resposta que me veio foi a seguinte: a unica coisa boa que a obesidade me trouxe foi a minha esposa, que adora mulheres 'recheadas' como ela mesma diz, e por esse motivo me ama pencas e ama cada grama (e são muitas pro meu gosto) do meu corpo. Mas agora escrevendo pra vcs, pensei em outra coisa, não sei se necessariamente boa, mas é uma coisa rsrsrsrs. Em função da obesidade eu aprendi a me defender e ter força de encarar as pessoas. É como eu comentei no blog da Fabi, olhares feios e caras tortas, e vice versa, é o q mais a gente enfrenta. Mas quando a coisa toma forma, ou seja, é verbalizada, aí tudo muda de figura. Vc pode fingir que não viu aquele olhar de reprovação, mas não tem como fingir que não ouviu aquele "ai coitada, e é tão bonita de rosto né".
Essa do rosto bonito é matadora... trocentas vezes eu ouvi essa, na rua e na família, e sempre tem o mesmo efeito: magoa pencas. Leandro Hassum fez um stand up que falava sobre isso, acho q todo mundo assistiu, mas como sempre tem alguém que não viu, tá aqui: http://www.youtube.com/watch?v=yHuk_MOKNs0&feature=related A parte sobre o 'rosto bonito' é lá pelos 2minutos de vídeo! Mas, mesmo sendo o nosso cotidiano de gordos, é engraçado pra caramba! Vale a pena.
Voltando ao assunto, eu desenvolvi mecanismos de defesa que nem precisaria, mas as pessoas e suas atitudes grotescas me obrigaram a tal coisa. Me defendo as vezes até de quem nem está me atacando, mas as situações me fizeram agir dessa forma. Infelizmente, não me tornei melhor, mas com certeza mais obrigatoriamente forte em muitos aspectos.
Não consegui me tornar compreensiva ou beligerante, com ninguém e muito menos comigo. Para as pessoas obesas que vou encontrando pela vida não falo de outra coisa que não a cirurgia. Já saio perguntando pq não faz e se não faz, tem medo de que! Eu já respondo que tenho medo de morrer nessa condição de obesa, com limitações que parecem não ter fim. Em se tratando de mim mesma, não tenho receio de dizer pra vcs que a tal 'aceitação' de quem eu sou se restringe e é somente para a minha condição sexual: sou lésbica, sou muito feliz e vivo muito bem com isso!! Mas quanto se trata da obesidade aí fica mega complicado. Não me gosto, não gosto de espelhos, não gosto da minha sombra refletida no chão, não tenho aquela frase "sou gorda, mas me aceito e tenho tal e tal coisas bonitas em mim". Eu não sou assim. Quando tomei consciencia de como sou de fato obesa, tomei consciencia tb de que para viver e não me enterrar chão abaixo como gostaria, teria que pelo menos me tolerar, e assim tem sido desde meus 17-18 anos. Assumo aqui a minha resignação em me tolerar, em não me aceitar, assim como tb aceito o fato de ser corajosa o suficiente pra procurar o Grupo e me submeter a cirurgia que certamente não resolverá problemas (financeiros, relacionamento, cotidianos), mas que com certeza fará com que eu consiga encarar a vida de outra forma e achar meios pra resolução de problemas que de repente nem são tão cabeludos assim! Acredito que a cirurgia tenha esse dom, essa magia, simplesmente pq não mexe só no corpo, a mudança toda é na nossa cabeça. Quando eu estiver em processo de pós, ou seja, emagrecendo e ficando cada vez mais saudável, acredito que alguns dos ditos problemas que eu não tenho cabeça agora, serao resolvidos e considerados corriqueiros pq eu não precisarei ocupar meu tempo me defendendo, e sim VIVENDO.
Beijosss.
